quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Filme / Série / Documentário #3

"How To Fix a Drug Scandal" conta a história de duas técnicas responsáveis por um tsunami na justiça norte americana.
Sonja Farak, uma técnica laboratorial, tinha um trabalho simples: analisar amostras que chegavam à sua secretária e concluir se se tratavam de drogas proibidas. Ninguém parava muito tempo para pensar nesta fase crucial dos processos criminais, até que um esquecimento de Farak provocou uma tempestade nos tribunais do estado de Massachusetts. 
Um teste de drogas rotineiro acusou positivo e alertou os responsáveis, que acabaram por encontrar provas na secretária, carteira e carro de Farak. O Ministério Público tinha um problema e manteve-se praticamente em silêncio, defendendo a técnica e o laboratório, alegando que o consumo aconteceu durante pouco tempo. Era mentira. As provas, ocultadas pelo governo, indicaram que Farak consumia drogas desde 2009, o que colocou em perigo praticamente todos os processos criminais que analisou durante esses anos.
Seis meses antes, no mesmo estado, Annie Dookhan, outra técnica laboratorial, havia sido apanhada a adulterar resultados de testes. Contrariamente a Farak, Annie Dookhan não lutava com qualquer depressão e nunca tomou drogas. O seu problema era outro: um ego desmedido.
No laboratório, os números indicavam que Dookhan era quatro vezes mais produtiva do que os colegas. Eventualmente, foi apanhada a forjar assinaturas, o que deu início a uma investigação que concluiu que muitas das amostras que Dookhan declarou terem vestígios de drogas afinal estavam limpas. A bola de neve continuou a crescer e acabou por admitir que por vezes fazia os testes a olho, noutras tornava negativos em positivos. A própria estima que apenas tenha testado cerca de um quinto das mais de 60 mil amostras que lhe terão passado pelas mãos.
De repente, milhares de casos estavam a ser contestados pelos advogados de defesa. Não foram apenas as falhas de Farak e Dookhan que foram postas em evidência. O documentário expõe igualmente as falhas institucionais do sistema judicial.
Em 2013, Dookhan declarou-se como culpada das acusações de perjúrio, obstrução à justiça e adulteração de provas. Saiu em liberdade condicional três anos depois, em abril de 2016. Farak fez o mesmo: declarou-se culpada do roubo de drogas num julgamento em 2014 e acabou por cumprir 18 meses de prisão.
How to Fix a Drug Scandal

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